segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução

Projeto em desenvolvimento com base na Lei n.º 8.313/91
Produção de um documentário para cinema e televisão e publicação de um livro
Tempo do documentário: 100 minutos
Suporte de captação: HDV e película 35 mm
Suporte de finalização: película 35 mm
Valor total da produção: 900 mil reais
SALIC 050028 (ANCINE)

Produzido, escrito e dirigido por Julio Wohlgemuth
Contato e-mail: juliowohlgemuth@bol.com.br
No "facebook":
https://www.facebook.com/AlternativaComunicacao
No twitter:
@JulioWohlgemuth

Esta produção (documentário cinematográfico de longa metragem) conta com o patrocínio parcial
do BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL e da TRACTEBEL ENERGIA (via Lei Rouanet).


OSWALDO ARANHA - O VOTO E A REVOLUÇÃO

A primeira produção audiovisual de longa metragem sobre Oswaldo Aranha (1894-1960). Um documentário sobre autoritarismo e democracia no Brasil contemporâneo. A ideologia da "Revolução de 1930". Pela república ou pela democracia? Um homem que mudou os rumos do país. Na primeira metade do século 20, Oswaldo Aranha comandou revoluções, promoveu reformas econômicas e lutou pelo alinhamento do país contra o nazi-fascismo.
Trata-se de um documentário que se justifica por ter sido Aranha uma personalidade fundamental do seu tempo (as revoltas regionais do início do século 20, a Primeira Guerra Mundial, a Coluna Prestes, a "Revolução de 1930", a industrialização brasileira, o comunismo e o nazi-fascismo, o Estado Novo, a Segunda Guerra Mundial, o Pan-americanismo, a criação das Nações Unidas - ONU,  a partilha da Palestina, etc.). Oswaldo Aranha foi um dos principais ideólogos da "Revolução de 1930" e um dos principais defensores da “ação armada”, após a derrota eleitoral de Getúlio Vargas para Júlio Prestes. Sem a sua participação, é provável que a "revolução" jamais tivesse ocorrido, ao menos não da maneira impetuosa e guerreira que a levou a ser conduzida pela força das armas e de um radicalismo indomável que vinha sacudindo o Brasil há quase uma década. Sem ele, tampouco o país, ainda rural e atrasado, teria sido capaz de projetar-se no cenário turbulento da Segunda Guerra Mundial, nem se livrar de uma ditadura prolongada que se recusava a encerrar o seu ciclo. A presença irrequieta de Oswaldo Aranha atravessou a “Era Vargas” mas acabou sendo ofuscada pela figura patriarcal e trágica do líder Getúlio Vargas, de quem foi ao mesmo tempo um seguidor fiel e um contraponto rebelde, visto pelos seus contemporâneos como a personalidade mais brilhante e carismática de sua geração e como o mais sedutor e generoso dos membros do clã gaúcho que assumiu o poder em 1930.
"Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução" se justifica também por ser um auxiliar na análise da gênese do processo político brasileiro contemporâneo e do desenvolvimento do capitalismo no Brasil na primeira metade do século 20, questões importantes para a compreensão do nosso atual momento histórico (cultural, econômico, social e político). O documentário radicaliza no uso da linguagem audiovisual e da tecnologia digital. Inicia em P/B com uma linguagem tradicional (linguagem audiovisual do início do século 20 - cinema) e aos poucos ganha cor e avança para uma linguagem audiovisual moderna (linguagem audiovisual do final dos anos 1950 e início dos anos 1960), conforme a época e as circunstâncias históricas relacionadas com a vida de Oswaldo Aranha. Além da equipe profissional, o documentário está sendo gravado, com total liberdade estética, por duas equipes de jovens carentes (em situação de rua), especialmente capacitados para isso. As imagens produzidas por estas duas equipes (sem experiência anterior em produção audiovisual), serão utilizadas na edição final do documentário, com depoimentos do historiador Bóris Fausto, da historiadora e cientista política Aspásia Camargo e do economista Luiz Aranha Corrêa do Lago, pesquisadores com trabalhos publicados sobre Oswaldo Aranha, assim como depoimentos dos economista Marcelo de Paiva Abreu e Sérgio Bessermann, estudiosos do período histórico em questão, da historiadora Sandra Jatahy Pesavento, dos jornalistas Alberto Dines e Carlos Chagas, dos professores Francisco Pereira Rodrigues (chimango) e Paulo Brossard de Souza Pinto (maragato). E outros depoentes.


Objetivos

Primeiro objetivo: produzir um documentário de longa-metragem (100 minutos) para cinema e televisão e um publicar um livro, discutindo a questão do autoritarismo e da democracia no Brasil contemporâneo, a partir da ideologia dos "revolucionários de 1930" e da atuação de Oswaldo Aranha. Avaliar as noções de república e de democracia no Brasil. As duas noções se identificam? No Brasil, república é sinônimo de democracia? O documentário analisa a democracia brasileira sob dois eixos básicos: o primeiro relativo à estabilização das instituições políticas e o segundo relativo às dimensões da cidadania na estruturação da sociedade civil. O trabalho parte de uma indagação central - que se aplica também ao conjunto dos países latino-americanos - acerca da articulação dos planos interno e externo como fator determinante do desempenho democrático (por exemplo: a atuação de Oswaldo Aranha na elaboração da política de relações exteriores brasileiras). A menor capacidade de produzir efetivos resultados econômicos e sociais (ou deturpações como a fraude e a corrupção) por parte dos governos eleitos pode comprometer o avanço das instituições e dos processos democráticos pela perda de credibilidade?

Segundo objetivo: auxiliar na discussão sobre a gênese do processo político brasileiro, analisando o desenvolvimento do capitalismo nacional na primeira metade do século 20, fator importante para a compreensão do nosso atual momento histórico (cultural, econômico, social e político).

Terceiro objetivo: analisar o caráter autoritário e oligárquico da República brasileira, em correspondência ao conservadorismo da sociedade nacional. Analisar a República brasileira enquanto uma exigência da separação entre o espaço privado e o espaço público e da existência de uma constituição escrita, mas não necessariamente vinculada à idéia de um direito universal à participação política e ao exercício do Poder, essência da idéia de democracia.


Etapas

Primeira etapa: pesquisa preliminar e elaboração do roteiro. Etapa concluída.
Segunda etapa: desenvolvimento do projeto - pesquisa final, decupagem final do roteiro e levantamento do material de arquivo – iconográfico/audiovisual (filmes, jornais, revistas, fotografias, músicas e “jingles” da época). Etapa concluída.
Terceira etapa: gravação dos depoimentos, seleção de atores, figurantes e locações e gravações (HDV) no interior do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Etapa em desenvolvimento.
Quarta etapa: pulicação do livro e gravação da locução e edição (não linear) com recursos de computação gráfica (3D e AVID).
Quinta etapa: finalização - “transfer” para película 35 mm.
Sexta etapa: produção do material gráfico publicitário.
Sétima etapa: lançamento do livro e do documentário – distribuição.


Plano de distribuição da obra
(estratégia para a qual a obra será destinada)

Exibição na rede de televisão a cabo (canal fechado). Participação em festivais e mostras de cinema documental, exibição em salas universitárias e centros culturais, disponibilização do documentário para a rede pública de televisão (e culturais, comunitárias e educativas).


Argumento do documentário

"Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução". Democracia e autoritarismo no Brasil contemporâneo. Oswaldo Euclydes de Souza Aranha foi uma personalidade do seu tempo. Oswaldo Aranha e a "Revolução de 1930" permanecem (e permanecerão) histórica e umbilicalmente ligados e para ambos justifica-se a pergunta: foram vitoriosos ou derrotados em seus objetivos principais? Em alguns aspectos foram, sem dúvida, vitoriosos, porque deixaram marcas profundas de sua passagem pelas instituições e pela história. A verdade é que o Brasil teria sido diferente se a "revolução" não tivesse acontecido e se a modernização conservadora, acelerada a partir da Primeira Guerra Mundial, tivesse prosseguido liderada pelo novo presidente eleito, Júlio Prestes.
Seria impossível imaginar o êxito da ação revolucionária em 1930 sem Aranha. O voluntarismo político foi o centro dinâmico do processo de incursão de uma elite regional competente e vitoriosa. Em sua ânsia de mudar as regras do jogo e de ocupar espaços, emergem no Brasil novos grupos e lideranças cuja inserção posterior deveu se à ousadia militar de uns poucos tendo Aranha à frente. Oswaldo facilitou o difícil trabalho de engenharia política de Getúlio Vargas, nos preparativos da Revolução, liderando uma importante “ala esquerda” que conseguiu neutralizar o conservadorismo da “velha-guarda” oligárquica, dando a Getúlio a oportunidade de exercer a função para a qual era talhado: fazer mediações quase impossíveis, arbitrando os contrários, sem saber no próprio curso dos acontecimentos qual seria o desfecho final do litígio.
O documentário "Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução" discute democracia, autoritarismo, voluntarismo e inserção política dos indivíduos na sociedade. Uma vez vitoriosa a "revolução", Oswaldo Aranha continuou como articulador e anteparo entre a corrente “tenentista” e os representantes das velhas oligarquias, concedendo a Vargas o tempo necessário para urdir estratégias de acomodação. Por exemplo: incorporando o “tenentismo” como doutrina, mas alijando os seus protagonistas, os “tenentes”, da cena política brasileira. Também fortaleceu o militarismo e a doutrina de Segurança Nacional, mas enquadrou os militares em suas ávidas pretensões de poder direto e efetivo. E ajustou a oficialidade mais jovem, que ascendeu rapidamente ao generalato, graças à renovação dos quadros ocorrida sob o impacto da "Revolução de 1930" e do "Movimento Constitucionalista de 1932".
Vargas e Aranha rechaçaram a oligarquia como sistema de governo, sem deixar de se recomporem com uma nova geração de oligarcas que eles ajudaram a consolidar em um quadro institucional centralizado, no qual os representantes regionais tornaram-se menos exigentes e mais flexíveis. Essa tarefa difícil em um país tão extenso, desigual e disperso exigiu extrema paciência, contenção e frieza, além de uma habilidade especial, feita de astúcia e de maquiavelismo. Tais atributos, próprios dos políticos mais disciplinados, como era o caso de Getúlio Vargas e Oswaldo Aranha, acabaram por empurrar os dois para o primeiro plano da história brasileira, apesar da carência inicial de legitimidade política.


Proposta estética

Brasil, 2013. Passados 119 anos do nascimento de Oswaldo Aranha, 83 anos da Revolução de 1930 e 59 anos da morte de Getúlio Vargas, num documentário do século 21, também se justifica uma releitura de alguns dos princípios audiovisuais do início do século 20 com imagens brasileiras da mesma época. Ou seja, conforme a expressão estética da época (principalmente na obra de Sergei Eisenstein), constrói-se a “montagem de atrações”, buscando uma ação-construção no lugar de uma reflexão estática e lógica sobre os acontecimentos. A construção permanente de um objetivo determinado provoca um choque simultâneo de informações afetivas e cognitivas sobre os interlocutores da obra, choque constituído por uma série de impulsos orgânicos, psicológicos e sociais trabalhados esteticamente a partir da utilização da regra áurea (número áureo, proporção áurea) na composição e no planejamento das estruturas harmônicas do trabalho.
Gravado no Rio Grande do Sul (municípios de Alegrete, Itaqui e Porto Alegre), no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, o documentário "Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução" estabelece a edição (montagem) métrica e harmônica do produto audiovisual, valorizando o tempo dos planos e das seqüências, numa fórmula correspondente a um compasso musical e com a realização acontecendo na repetição desses compassos. A tensão é obtida pelo efeito de alongamento ou encurtamento dos planos, preservadas as proporções originais da fórmula e sempre construindo relações simples e impressões claras, sem cair na excessiva complexidade do compasso métrico, para não produzir um caos de impressões audiovisuais.
E aqui importa compreender que as regras da estética dependem estreitamente do conteúdo e dos objetivos do trabalho, só então se tornando viável a veracidade do tema e da obra. Aos poucos, a concepção e a sensação viva da idéia avançam sobre os materiais e determinam, por si próprias, as regras da composição. Assim, o desenvolvimento estrutural de "Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução" ocorre a partir do espírito com o qual é abordado o conteúdo da obra, na direção da harmonia da composição audiovisual, para que a ação aconteça de forma exata sobre o nosso pensamento e sobre a nossa sensibilidade. A sala escurece. As imagens aparecem na tela. Democracia ou autoritarismo? Democracia e autoritarismo na história do Brasil contemporâneo.
O documentário "Oswaldo Aranha – O Voto e a Revolução" assume esteticamente o fato de ter como suporte de captação o vídeo digital (HDV) e suporte de finalização a película 35 mm. Assim, radicaliza no uso da linguagem audiovisual e da tecnologia digital. Inicia em P/B com uma linguagem tradicional (linguagem audiovisual do início do século 20 - cinema) e aos poucos vai ganhando cor e avançando para uma linguagem audiovisual moderna (linguagem audiovisual do final dos anos 1950 e início dos anos 1960 – cinema e televisão), conforme a época e o momento histórico relacionado com a vida de Oswaldo Aranha. O trabalho também utiliza elementos de ficção, como o fato dos personagens retratados em alguns momentos serem interpretados por atores.
Estruturado em 21 seqüências, com tempos pré-determinados (no total de 100 minutos), o documentário apresenta e discute 21 momentos em que Oswaldo Aranha interferiu fortemente na cena brasileira e mundial. São 21 movimentos com tempos decrescentes até os exatos 2/3 do total da duração do documentário e com tempos crescentes no último 1/3do trabalho. Ou seja, o primeiro movimento (seqüência 1) tem 7 minutos e 36 segundos, o segundo movimento (seqüência 2) 7 minutos e 3 segundos, o terceiro movimento (seqüência 3) 6 minutos e 31 segundos e assim por diante, até o décimo quarto movimento (seqüência 14) com 30 segundos e 6 décimos. A partir daí, os tempos se tornam crescentes. O décimo primeiro movimento (seqüência 15) tem 1 minuto e 5décimos, o décimo sexto movimento (seqüência 16) 2 minutos 10 segundos e 4 décimos e assim até o vigésimo primeiro e último movimento (seqüência 21), com 7 minutos e 3 segundos, duração igual ao primeiro movimento. Todos os tempos calculados pela regra áurea (número 1.618 - seqüência 8).
Historicamente a proporção áurea foi encontrada através da atenta observação da natureza. Pode ser compreendida na posição das folhas das plantas, nas escamas das frutas dos pinheiros e também nas relações de proporção do homem e dos animais. Descoberta e novamente utilizada com diversas adaptações pelos platônicos e pitagóricos, a proporção áurea apresenta uma harmonia considerada perfeita. Sua aplicação nas artes foi obrigatória durante muito tempo, permitindo o resultado de formas harmoniosas e agradáveis ao olhar. Alguns enfatizam o número e não a proporção. Mas é a proporção áurea (relação entre duas medida, em nosso caso entre dois tempos) que apresenta como resultado o número áureo. Ou seja, não é o número áureo que tem importância, e sim a proporção, as aplicações e as relações harmoniosas vinculadas ao número. No presente documentário, o número áureo 1,618 (na verdade a soma de 1 mais a raiz quadrada de 5 dividido por 2) foi fracionado em três partes iguais (0.5393.333) e este resultado multiplicado várias vezes, resultando nos tempos das seqüências e nas suas proporções.

Depoentes do projeto (filme e livro)
(um total de mais de dez horas de gravações inéditas – em vídeo de alta definição)

Boris Fausto: historiador e cientista político brasileiro. Bacharel em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo em 1953 e mestre em 1967 pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Escreve freqüentemente artigos para diversos periódicos nacionais, como a Folha de S. Paulo. Desde 1989 é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e recentemente ingressou para a Academia Brasileira de Ciências. Sua principal obra é A Revolução de 30 - historiografia e história publicada pela primeira vez em 1970 e considerada ainda hoje um clássico das ciências sociais brasileiras que contesta as versões que defendem São Paulo durante a Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932. Escreveu também Trabalho Urbano e Conflito Social e Crime e Cotidiano.

Alberto Dines: jornalista e escritor brasileiro. Em seus mais de 50 anos de carreira, Dines dirigiu e lançou diversas revistas e jornais no Brasil e em Portugal. Leciona jornalismo desde 1963, e, em 1974, foi professor visitante da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Nova York. Foi editor-chefe do Jornal do Brasil durante 12 anos e diretor da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro. Dirigiu o Grupo Abril em Portugal, onde lançou a revista Exame. Depois de anos driblando a ditadura à frente do Jornal do Brasil, foi demitido em junho de 2004 justamente por publicar um artigo que contrariava a direção do jornal, ao criticar a relação amistosa de seus donos com o governo do estado do Rio de Janeiro. Criou o site Observatório da Imprensa, o primeiro periódico de acompanhamento da mídia, que conta atualmente com versões no rádio e na TV. Escreveu mais de 15 livros, entre eles Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig (1981) e Vínculos do fogo – Antônio José da Silva, o Judeu, e outras história da Inquisição em Portugal e no Brasil, Tomo I (1992). O livro sobre Stefan Zweig foi adaptado para o cinema por Sylvio Back em 2002 no filme Lost Zweig. Alberto Dines também fala sobre Stefan Zweig no documentário do mesmo diretor. Atualmente é pesquisador sênior do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, onde foi co-fundador, além de coordenar o Observatório da Imprensa on-line e pela televisão.

Paulo Brossard de Souza Pinto: político, advogado, jurista e professor brasileiro. É especialista em Direito Constitucional, formado em Direito, pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, atual Faculdade de Direito da UFRGS. Ministrou ainda aulas na PUCRS. Foi deputado pelo antigo Partido Libertador, de Raul Pilla, defensor do parlamentarismo (maragatos). Após o golpe de 1964, filiou-se ao MDB (depois PMDB), tendo sido senador, candidato a vice-presidência da República, na chapa encabeçada pelo General Euler Bentes e Ministro da Justiça, no governo de José Sarney. Após o fim de sua passagem pelo Senado, foi Ministro do Supremo Tribunal Federal e foi também do Tribunal Superior Eleitoral, onde chegou a ser presidente.

Marcelo de Paiva Abreu: Graduado em Engenharia Mecânica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1966) e doutorado em Economia pela Universidade de Cambridge (1977). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atua na área de Economia Internacional, tanto em temas contemporâneos quanto históricos. Autor de diversos livros sobre a história econômica do Brasil, economia e comércio internacional e integração econômica.

Luiz Aranha Correa do Lago: economista, doutorado em Harvard, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Neto de Oswaldo Aranha e autor de “Oswaldo Aranha, o Rio Grande e a Revolução de 1930” e “O Combate a Inflação no Brasil” entre outros trabalhos.

Aspásia Camargo: socióloga, professora e historiadora. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez doutorado na Universidade de Paris com Alain Touraine, de quem foi assistente. Em 1974, ingressou na Fundação Getúlio Vargas onde criou o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) e o Centro Internacional de Desenvolvimento Sustentável (CIDS). Em 1991, foi eleita a primeira mulher presidente da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisas em Ciências Sociais. Também professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Aspásia tem, nos últimos 15 anos, organizado e participado de fóruns e discussões sobre um novo ciclo de desenvolvimento sustentável e de reformas políticas e sociais. Em 1989, foi Secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Em 1993, assumiu a presidência do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Dois anos depois, tornou-se Vice-ministra do Meio Ambiente, quando organizou a Rio + 5 e criou a Agenda 21 brasileira. Ex-assessora especial da Presidência da República, Aspásia entrou para o Partido Verde em 2001 e, em 2004, elegeu-se vereadora do Rio de Janeiro. É autora de “Oswaldo Aranha – A Estrela da Revolução” entre muitos outros trabalhos.

Sérgio Bessermann: economista, ambientalista, ex-presidente do IBGE e atual diretor do Instituto Pereira Passos (RJ). Defendeu tese de doutorado sobre Oswaldo Aranha (Segundo Governo Vargas – Oswaldo Aranha pela segunda vez no Ministério da Fazenda).

Antônio José Barbosa: formado em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em História das Relações Exteriores do Brasil. Há 18 anos, é professor do Departamento de História (HIS) da UnB. Foi secretário executivo do Ministério da Educação (MEC) do governo Itamar Franco e, atualmente, é consultor legislativo do Senado

Outros depoentes (já gravados): Francisco Pereira Rodrigues (advogado e professor da UFRGS), Sandra Jathai Pessavento (falecida, ex-historiadora e professora da UFRGS), Edda Bergmann (falecida, ex-liderança judaica no Brasil), Carlos Chagas (jornalista e professor universitário), Reskalla Tuma (liderança árabe no Brasil), Mário Gibson Alves Barboza (falecido, ex-chanceler) e Luiz Oswaldo Norris Aranha (filho de Oswaldo Aranha).

Outros depoentes (ainda falta gravar): (1) Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira; professor universitário, cientista político e historiador luso-brasileiro, especialista em política exterior do Brasil e suas relações internacionais, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos, sendo autor de várias obras, publicadas no Brasil e na Argentina, bem como em outros países. Autor do livro (entre outros) “Presença dos EUA no Brasil”. Atualmente é professor universitário na Alemanha (St. Leon-Rot); (2) Mauro Santayana; trabalhou como jornalista e chefe das emissões em português da Rádio Havana, em 1966 e como comentarista político da Rádio Praga, entre 1968 e 1970. Em Bonn, na Alemanha, foi correspondente do Jornal do Brasil (1970 - 1973). Dois anos depois de voltar do exílio, em 1976, foi diretor da sucursal da "Folha da São Paulo" em Minas Gerais, até 1982, quando escrevia uma coluna diária de política. Foi chefe de reportagem do "Diário de Minas" (1955 - 1958), secretário de redação da "Ultima Hora, RJ, em 1959, comentarista econômico da "Revista Panorama Econômico Latino-Americano", 1965, em Cuba e colaborador da "Gazeta Mercantil" (1982 - 1992). Escreveu na revista "Manchete" e no jornal mineiro "Binômio". Foi correspondente da "Folha de São Paulo" em Madrid e no Norte da África. Atualmente é um dos editores do "Jornal do Brasil" onde mantém uma seção de opinião política. "Prêmio Esso" de reportagem de 1971, com a matéria "Assim começou uma guerra". Cobriu, como correspondente, a "Invasão da Checoslováquia" pelas tropas do "Pacto de Varsóvia", a "Guerra Civil Irlandesa" e o "Conflito do Saara Ocidental". Foi Diretor Presidente do "Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais" e adido cultural do Brasil em Roma (1987 - 1990). Autor dos livros "A Tragédia Argentina - Do Poder e violência de Rosas ao Peronismo", "Conciliação e transição: as armas de Tancredo", "Mar Negro - Nação e Governo Em Nosso Tempo", "Dossiê da guerra do Saara" e "Repórteres" (obra coletiva), (3) Fábio Koifman; historiador e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Autor dos livros "Imigrante ideal", "Quixote nas Trevas: o embaixador Souza Dantas e os refugiados do nazismo" e organizador do livro "Presidentes do Brasil" e (4) Jarbas Gonçalves Passarinho; militar e politico brasileiro.

A Revolução de 1930 nos jornais da época.

A Revolução de 1930 nos jornais da época.

O Movimento Constitucionalista de 1932 nos jornais da época.

Oswaldo Aranha, Souza Dantas e Getúlio Vargas.

Oswaldo Aranha nos EUAem 1939 (Missão Aranha).

Projeto 2
Especialista em Audiovisual (SAV/MINC)


Sou um dos avaliadores do processo seletivo "EDITAL Nº 06, DE 27 DE SETEMBRO DE 2013 - APOIO À PRODUÇÃO DE CURTA-METRAGEM 2013". Fui selecionado pelo "EDITAL Nº 08, DE 07 DE OUTUBRO DE 2013 - CREDENCIAMENTO DE ESPECIALISTAS EM AUDIOVISUAL". Então, elaborei algumas "ideias e propostas críticas" para a produção audiovisual brasileira (a partir do pensamento de Antonio Candido de Mello e Souza)

1. Na medida do possível, as produções audiovisuais devem fornecer "chaves" para a explicação do nosso país. Quando da utilização das "lentes", devemos buscar com a máxima intensidade, a auto-afirmação e a singularidade da identidade nacional. Os traços mais importantes e as características mais decisivas da “brasilidade” precisam aparecer sem interferências políticas ou econômicas.

2. Com o olhar histórico postado sobre os acontecimentos culturais, devemos estabelecer comparações com as obras do resto do mundo (percebendo que, desde os seus momentos iniciais, a melhor produção audiovisual brasileira nunca foi apenas uma adaptação das últimas modas da cultura europeia e norte-americana, sempre houve aqui a busca por um traço exclusivamente “nosso”, ao lado de uma atenta visão sobre o que estava sendo feito no restante do mundo ocidental; em alguns momentos, podemos perceber que a singularidade da produção audiovisual nacional – influenciada pelas nossas condições sociais e culturais – permitiu até que ela superasse significativamente algumas obras estrangeiras, como foram o caso de "Limite", de Mário Peixoto, de 1931, e "Canga Bruta" de Humberto Mauro, de 1933).

3. Profundidade, responsabilidade, consciência e contundência ao encarar o Brasil e suas desigualdades (se por um lado conseguimos chegar a um grau de organização que possibilitou a formação de uma produção artístico-cultural original, por outro ainda não estendemos esses benefícios a campos essenciais como a educação; isso porque mesmo os autores/realizadores que ganharam prestígio ajudando a moldar uma sociedade civilizada convivem - muitos em aparente harmonia - com chagas como o analfabetismo e as imensas injustiças sociais; ou seja, enquanto houver tamanha desigualdade, a produção audiovisual sempre será um artigo de luxo, feita para o desfrute de uma elite incapaz de democratizar a cultura e a instrução; esse vício inclui até mesmo os realizadores, artistas/cineastas, que supostamente denunciam a miséria nacional, uma vez que suas obras dificilmente serão vistas por aqueles a quem supostamente tentam dar voz).

4. As considerações “fora do filme” – como análises sociológicas e psicológicas – também devem ocupar espaço importante na apreciação da obra audiovisual/cinematográfica.

Projeto 3
Livro VÍDEO EDUCATIVO
Um curso barato de linguagem audiovisual


VÍDEO EDUCATIVO - UMA PEDAGOGIA AUDIOVISUAL, Julio Wohlgemuth, 188 págs., Ed. Senac Distrito Federal, tel.(61) 3313-8789, 20 reais. Revista Nova Escola, edição 191 - abr/2006
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0191/aberto/mt_128036.shtml

"O ensaio de Julio Wohlgemuth presta um serviço oportuno para o educador que tem à disposição uma câmera filmadora. Feito sob encomenda para escolas carentes de recursos materiais, este trabalho reflete o compromisso do autor e sua metodologia com "homens e mulheres de setores populares". Produtor e diretor de documentários, o gaúcho Wohlgemuth reserva mais de um terço do livro para dois importantes anexos: um exemplo eficiente e barato de roteiro para um vídeo de capacitação popular e um guia pedagógico para um curso de linguagem audiovisual. Amplo, claro e preciso". (Texto de Marcelo Kura, da Revista Nova Escola).

Outras publicações de Julio Wohlgemuth: "Vídeo Rural - Pedagogia Audiovisual para a Capacitação Popular", Sinal Comunicações, Porto Alegre, 1997 e "Vídeo Ambiental Vídeo Popular - Pedagogia Audiovisual para o Desenvolvimento Sustentável", CTA Terra Viva, Porto Alegre, 2001.


Projeto 4
A HISTÓRICA ILHA DE SANTA CATARINA

Em início de produção.
Contato e-mail: institutoalternativa@bol.com.br 
No facebooK: http://www.facebook.com/AlternativaComunicacao


Projeto em fase inicial. Um documentário que assume estéticamente o fato de ter como suporte de captação e finalização o vídeo digital (HDV Profissional), apoiado em material de arquivo/pesquisa em película. Assim, radicaliza na exploração das possibilidades de realização decorrentes desse fato: aproximação com as práticas do cinema em preto e branco, exploração da fotografia com diafragma baixo, utilização da contraluz e da luz rebatida ao fundo (buscando maior profundidade) e outras técnicas afins.

Estruturado em 15 sequências com tempos pré-determinados (no total de 52 minutos), o documentário apresenta 15 movimentos (momentos/abordagens) da história de Florianópolis, utilizando a linguagem dos artistas populares regionais. São 15 movimentos com tempos decrescentes até os exatos 2/3 do total da duração do documentário e com tempos crescentes no último 1/3 do trabalho. Ou seja, o primeiro movimento (sequência 1) tem 6 minutos e 24 segundos, o segundo movimento (sequência 2) tem 5 minutos e 51 segundos, o terceiro movimento (sequência 3) tem 4 minutos e 49 segundos e assim por diante, até o décimo movimento (sequência 10) com 32 segundos. A partir daí, os tempo se tornam crescentes. O décimo primeiro movimento (sequência 11) tem 1 minuto e 5 segundos, o décimo segundo movimento (sequência 12) dois minutos e 9 segundos e assim até o décimo quinto e último movimento (sequência 15) com 6 minutos e 24 segundos, duração idêntica ao primeiro movimento. Todos os tempos calculados levando em consideração a "proporção áurea" (número áureo: 1.618 - sequência 8).

Históricamente, a proporção áurea foi encontrada pela atenta observação da natureza. Pode ser compreendida na posição das folhas nas plantas, nas escamas dos frutos dos pinheiros e também nas relações de proporção dos humanos e dos animais. Descoberta e utilizada pelos platônicos e pitagóricos, a proporção áurea apresenta uma harmonia considerada perfeita. Sua aplicação nas artes foi obrigatória durante muito tempo, resultando em formas harmoniosas e agradáveis ao olhar. Alguns enfatizam o número e não a proporção, mas é a proporção áurea (relação entre duas medidas, no nosso caso dois tempos) que apresenta como resultado o número áureo. Ou seja, o que importa são as proporções, as aplicações e as relações harmoniosas vinculadas ao número. No documentário "A Histórica Ilha de Santa Catarina", o número áureo 1.618 (na verdade a soma de 1 mais a raiz quadrada de 5 didivida por 2) foi fracionada em 3 partes iguais (539,333) e este resultado multiplicado várias vezes, resultando nos tempos das sequências e nas suas proporções.

Em algumas sequências, além da equipe profissional, o documentário será gravado por duas equipes de jovens em situação de rua, com ampla liberdade de expressão, capacitados pela produção do projeto. Algumas das imagens produzidas por essas duas equipes (sem experiência anterior em comunicação audiovisual), serão utilizadas na edição final do documentário, juntamente com a totalidade das imagens produzidas pela equipe profissional.

Os assuntos abordados nos 15 movimentos (sequências) são os seguintes:

Aproximadamente 2000 AC. Os Carijós, da nação tupi-guarani, são os habitantes da Ilha de Santa Catarina. Chamavam o lugar de "maiembipe" ou "montanha ao longo do canal". Sítios arqueológicos e sambaquis ainda registram a sua presença.

Aproximadamente 1514. Portugueses aportam na região e dão ao lugar o nome de Ilha dos Patos.

1526. Percebendo o desinteresse português pela região, os espanhóis investem na conquista do Atlântico Sul, dando ao local um novo nome: Ilha de Santa Catarina. No início do século XVI, as embarcações que se dirigiam a Bacia do Prata aportavam na Ilha de Santa Catarina apenas para abastecerem-se de água e alimentos.

1673/1675. Na planície próxima ao mar, ao pé de uma colina, começa o povoamento oficial da ilha, com a chegada da empresa agrícola (familiares e agregados) do bandeirante Francisco Dias Velho.

1678. Uma capela consagrada a Nossa Senhora do Desterro é construída na ilha. Uma vila começa a tomar forma, adquirindo aos poucos um aspecto colonial. Intensifica-se o afluxo de paulistas e vicentistas, que ocupam vários pontos do litoral.

1714. Para garantir o seu domínio, a Coroa Portuguesa eleva a Ilha de Santa Catarina à categoria de freguesia, com o nome de Nossa Senhora do Desterro (segundo núcleo de povoamento mais antigo da região, fazendo parte da vila de Laguna).

1726. Nossa Senhora do Desterro é desmembrada de Laguna e elevada a categoria de vila. Assim, a Vila do Desterro, com o seu porto, passa a ter função estratégica, uma vez que se achava a meio caminho entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, na época as duas maiores cidades litorâneas da face atlântica da América do Sul.

1738. É criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina e começa a ser erigido um expressivo conjunto defensivo: as fortalezas de Santa Cruz, São José da Ponta Grossa, Santo Antonio e Nossa Senhora da Conceição da Barra do Sul. A população aumenta.

1748/1756. Chegam à ilha cerca de 6 mil colonizadores, procedentes do Arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira. Desenvolve-se a agricultura, a indústria manufatureira de algodão e linho e o comércio. Permanecem ainda hoje resquícios desse passado, na confecção artesanal da Farinha de Mandioca e das Rendas de Bilro (expressão maior do artesanato local). A presença desses colonizadores também está presente na Festa do Divino (expoente máximo da cultura popular local), nos Ternos de Reis e no Boi de Mamão (o mais conhecido evento folclórico de Santa Catarina).

Nesta época, meados do século XVIII, são implantadas as "armações" para a pesca da baleia, em Armação da Piedade e Armação do Pântano do Sul, cujo óleo era comercializado pela Coroa Portuguesa fora da ilha, não trazendo benefícios econômicos à região.

1777. A Ilha de Santa Catarina é invadida pelos espanhóis, que a dominam por alguns meses, mas é devolvida aos portugueses pelo Tratado de Santo Ildefonso.

1823. Elevada a categoria de cidade, Desterro torna-se capital da Província de Santa Catarina. Os investimentos federais inauguram um período de prosperidade e intensa organização política. O porto foi melhorado, edifícios públicos foram construídos, cresceram as atividades culturais.

1889/1894. A partir da Proclamação da República, o Brasil vive um período turbulento. Por meio de um golpe, os militares instalam o regime republicano, banindo a familia real. As Provincias transformam-se em Estados. O primeiro presidente, marechal Deodoro da Fonseca, é pressionado a renunciar ao cargo, assumindo o vice presidente, Floriano Peixoto, seu genro. Floriano deveria convocar novas eleições, mas não o faz, provocando forte oposição civil e militar. O "marechal de ferro" reformou os generais e expulsou os civis e outros militares para as fronteiras da Amazônia. No sul brasileiro, elites regionais inconformadas com o despotismo e a centralização do governo, deflagram a Revolta Federalista, que, iniciada no Rio Grande do Sul, espalha-se por Santa Catarina e pelo Paraná e transforma Desterro na capital federalista do país, com o apoio de setores da Marinha Brasileira. Em represália a rebeldia dos federalistas, o Presidente da República envia para a ilha de Santa Catarina, com poderes discricionários, o coronel Antônio Moreira Cesar, homem de sua extrita confiança, à frente de 500 soldados fortemente armados (do 7° e 32° Batalhões de Infantaria). Em pouco tempo a cidade é tomada e 185 oficiais militares, policiais e civis (personalidades políticas, lideranças estudantis e expoentes da intelectualidade) são executados na ilha de Anhatomirim, sem qualquer direito de defesa. Era o "ajuste de contas" de Floriano Peixoto. Logo a seguir, a Assembléia Estadual, sob pressão, para mostrar lealdade ao Governo Central, aprova a troca do nome da capital do Estado de Santa Catarina. Depois de 200 anos como "Nossa Senhora do Desterro", a cidade passa a chamar-se "Florianópolis", ou seja, a cidade de Floriano.

O historiador Dante Martorano afirmava que os mortos de Anhatomirim, na realidade, chegaram a 300, os militares eram fuzilados e os civis enforcados.

Século XX. No local onde o bandeirante Francisco Dias Velho fundou "Nossa Senhora do Desterro" hoje está situada a Praça XV de Novembro (arborizada durante o século XIX). Foi a partir desse ponto que se originou o plano da cidade. A articulação de bairros e suburbios fez-se através de ruas e ruelas, de longos e sinuosos traçados, entre o mar e as encostas dos morros (apesar das modificações, a paisagem urbana guarda ainda muito do aspecto arquitetônico colonial, antigas construções e a malha viária original estão conservadas no Centro Histórico). No início do século, Florianópolis é uma cidade pequena. Sua ligação com o mar a identifica como cidade portuária, pacata e singular, arraigada em costumes e tradições, isolada economica e culturalmente. Mas surgem as transformações. O desejo de conforto urbano se traduz na implantação dos serviços de água encanada, luz elétrica, esgoto sanitário, linhas de bonde, telefone e novas opções de moradia e lazer. Políticas de reordenamento de espaços e condutas, contrapõem-se ao passado colonial. A construção da ponte Hercílio Luz (1922/1926) surge como um marco do desenvolvimento da capital do Estado de Santa Catarina. Os esforços, a partir daí, se direcionam para reinventar a cidade como pólo turístico, progressista e desenvolvimentista. Políticos, artistas e intelectuais se mobilizam pela modernização de Florianópolis.

1947. Surge o Circulo de Arte Moderna (CAM), também conhecido como Grupo Sul, ligado as idéias modernistas nas artes plásticas, no teatro e na poesia (seus integrantes se dizem herdeiros do movimento modernista de 1922). No ano seguinte o CAM publica o primeiro número da Revista Sul (editada até 1957), que insere a produção local no circuito nacional e internacional de informação e divulgação. A revista discute a produção artística e cultural, mas também arquitetura e os rumos da cidade, num contexto de desenvolvimento, modernização e progresso (era urgante que a a cidade superasse o seu isolamente econômico e cultural), forte o suficiente para promover articulações e negociações, sem entretanto aventar qualquer ruptura radical, estética ou política. Mais ou menos nessa época são registrados os primeiros loteamentos de Florianópolis, ampliando o perimetro urbano, que se estende sobre as áreas de características rurais. Posteriormente, a proximidade com as praias seria o principal foco de atração desses empreendimentos.

1952. Começa a ser elaborado o primeiro Plano Diretor de Florianópolis, que representa um grande passo para o progresso da cidade. O Plano é produzido por profissionais de Porto Alegre, inspirados no urbanismo proposto pelo IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna de 1933, que tinha como base a Carta de Atenas e que dividia as cidades em zonas de concentração, articuladas por amplas vias de circulação. Os autores do Plano acreditam que o ritmo lento de desenvolvimento de Florianópolis só seria plenamente modificado por um processo intenso de intervenções. Caso contrário permaneceria uma cidade pequena, dividida entre chácaras de famílias ricas e "malocas" nos morros próximos ao centro, dispersando a população e tornando muito baixa a densidade urbana, o que desfavorecia o crescimento econômino. Toda a concepção do Plano é perpassada pela necessidade de criar condições para o desenvolvimento industrial, segundo os autores, a única via possivel para promover a renovação urbana e alcançar a modernidade.

1955. O Partido Social Democratico (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN) disputam a hegemonia em Santa Catarina. O sistema eleitoral e partidário estabelecido pela Constituição de 1946, tem no Estado um caso de bipartidarismo quase absoluto (Konder-Bornhausen x Ramos). Surge o primeiro Código de Obras de Florianópolis. A partir do ano seguinte (inicio da construção de Brasília - cujo plano piloto ia ao encontro das idéias funcionalistas da Carta de Atenas), na Ilha de Santa Catarina, assim como em todo o Brasil, o urbanismo e a arquitetura moderna estão fortemente vinculados a "imagem do desenvolvimentismo", são sinônimos de progresso, do que existe de mais novo, dos anos JK, dos "50 anos em 5". Os edifícios que surgem em Florianópolis, sob a influência do funcionalismo, se tornam símbolos locais do desenvolvimento. Projetos como o do Banco Nacional do Comércio, da Caixa Econômica Federal, o Palácio das Diretorias, o Instituto Estadual de Educação e o Clube Penhasco marcam esse período na cidade. Na mesma época, aparecem os primeiros projetos de casas com uma linguagem racionalizada/modernista, pertencendo geralmente a classe média ou alta, com mais informação sobre as questões discutidas no país. Também nessa época surge a Avenida Rio Branco, marcando o início da modernização da região central do polígono urbano. Assim tem início uma segunda momento de reformas urbanas, decorrente de processos diversos daqueles que compuseram as intervenções que haviam reordenado a cidade no começo do século XX. Os princípios modernistas (funcionalismo/racionalismo) comandarão o desenvolvimento urbano de Florianópolis nos anos 1950, 1960 e 1970, às vezes de forma consciente e lógica, às vezes por mimetismo, afinal, estavam na moda!

Na mesma época, mas em sentido inverso dos que defendem a industrialização como "mola mestra" do desenvolvimento, grupos políticos ligados ao PSD e a UDN, que há muito dominavam a cidade, decidem conferir ao turismo a primazia sobre o desenvolvimento da "Iha de Santa catarina". As grandes espectativas geradas pela modernização brasileira são entendidas como oportunidades para os investimentos imobiliários. Loteamentos alargaram o perimetro urbano e levaram novos moradores para os balneários. O processo de apropriação privada que atingia diversas regiões da ilha desde a década de 1940 se acelera, uma vez que o turismo torna-se a principal "bandeira" dos líderes políticos e empresariais (os jornais da época comprovam esse fato). Florianópolis passa a viver uma fase de intenso crescimento imobiliário, com expansão em grande escala de investimentos capitalistas. Os desmembramentos de terras e a formação de áreas previamente determinadas com arruamentos e fixação de parcelas definidas como lotes urbanos, criaram uma cidade em que as sociabilidades predominantes assumiam características próprias do capitalismo moderno, em relação às estruturas familiares e ao privilégio concedido ao automóvel nos espaços de circulação. As áreas loteadas tornam-se cada vez maiores, aumentando a concentração de terras e de riquezas. A terra transformou-se na mercadoria mais importante de Florianópolis. O Estado participa do processo projetando rodovias que fazem a ligação direta entre o centro e os novos loteamentos do norte da ilha: as "cidades balneárias". A antiga Florianópolis, das freguesias coloniais, deveria ser esquecida em nome da nova cidade, marco do futuro, com a vitória dos segmentos ligados ao turismo e ao comércio imobiliário.

1957/1958. A Ilha de Santa Catarina produz o seu primeiro filme de longa metragem: O Preço da Ilusão (realizado por membros do Circulo de Arte Moderna - Grupo Sul).

1960/1970. Ainda sob a evocação da retórica "modernista", Florianópolis completa o seu ciclo desenvolvimentista. A construção da Avenida Beira Mar Norte, do Aterro da Baía Sul e da nova ponte ligando a ilha ao continente são acompanhadas pelos avanços dos investimentos imobiliários e da construção civil. Grandes áreas são então destinadas a condomínios para as camadas sociais médias e altas, recebendo os maiores investimentos em melhorias urbanas e serviços públicos. Para a "Ilha de Santa Catarina" esse conjunto de representações e práticas sociais significa uma aceleração de ritmos (sociais e culturais) e a pretensão de abandonar antigos traços da cidade, traduzindo de modo próprio as "imagens desenvolvimentistas" e os anseios de individualização das camadas médias, cada vez mais numerosas. As transformações de Florianópolis indicam caminhos para compreender uma época histórica que inventou boa parte dos sonhos do Brasil contemporâneo.

Ficha Técnica
Nelson Rolim de Moura - Produtor executivo e roteirista
Proprietário da Editora Insular (Florianópolis - SC), atualmente com cerca de 700 títulos publicados (www.insular.com.br). Foi presidente do Centro de Estudantes Universitários de Engenharia e do Conselho de Presidentes do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1971/1972). Presidente do Conselho Político do Setor Jovem Metropolitano do MDB de Porto Alegre (1975/1976). Produtor e apresentador das Rodas de Som do Teatro de Arena de Porto Alegre (1975). Editor e proprietário do jornal Afinal, Florianópolis (1981/1982). Diretor proprietário e produtor da Maricota Produções Artísticas, Florianópolis (1982/1986). Presidente da Câmara Catarinense do Livro - CCL (2001/2006) e Presidente do Conselho Fiscal (2007). Atuou como jornalista em diversos jornais, rádios e televisões e em orgãos e assessorias de comunicação de Santa Catarina. Foi diretor de divulgação da Associação Catarinense de Imprensa (2004/2008).

Julio Wohlgemuth - Diretor e roteirista
Ator e diretor (Registro profissional 3358 DRT-RJ, em 22/08/1980). Reporter cinematográfico (Registro profissional 71091 DRT-DF, em 27/09/2006). Autor dos livros "Vídeo Rural - Pedagogia Audiovisual para a Capacitação Popular", Sinal Comunicações, Porto Alegre, 1997; "Vídeo Ambiental Vídeo Popular - Pedagogia Audiovisual para o Desenvolvimento Sustentável" CTA Terra Viva, Porto Alegre, 2001; "Vídeo Educativo - Uma Pedagogia Audiovisual", Editora SENAC-DF, Brasília, 2005. Roteirista e diretor dos documentários "Canto de Sereia", Bip Filmes/Embrafilme, RJ, 1979; "Papagaios de Papel, Bip Filmes/Dina Filmes, RJ, 1980; "Eugênio Gudin - O Homem de Dois Séculos", Fundação Getúlio Vargas, RJ, 1982; "Voltando a Produzir Alimentos Sem Veneno", série educativa, Programa Pró-Guaíba, Governo do Rio Grande do Sul, 1999/2001; "Viva o Brasil, Canalha! Carlos Cavaco", Instituto Latinoamérica, DF, 2004; "Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução" (em fase de finalização) Animatógrafo Cinema e Vídeo, DF (SALIC 050028); "Marcos Klassmann - 1976 - Vote Contra o Governo" (em fase inicial de produção), Porto Alegre, (PRONAC 106196).

Miguel Angel Gomes - Diretor de fotografia
De nacionalidade argentina, é formado em cinema pela Universidade de Mar del Plata (Argentina). Trabalhou na Rede Manchete e na Rede Globo (Rio de Janeiro). Diretor de fotografia dos documentários "Viva o Brasil, Canalha! Carlos Cavaco", "Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução".

Rivelino Neto de Almeira - Câmera
Entre outros trabalhos é o câmera dos documentários "Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução".

Diego Lara Machado - Assistente de câmera e microfonista
Entre outros trabalhos é o assistente de câmera e microfonista dos documentários "Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução".

Leandro Moura - Editor
Editou trabalhos para a "Fabrika Filmes" (DF), TV Justiça (DF) e TV Câmara (DF). Editou os documentários "O Boi do Mamulengo, de Jorge Rodrigues (DF); "Poesia de Barro", de Adriana Gomes (DF); "No Cruzamento dos Eixos", "Pela Causa...", "Se Morto Não Se Fala Mais Nisso" e "Graphein", todos da Oficina de Imagem Popular da ONG FAÍSCA, DF. É o editor do documentário "Oswaldo Aranha - O Voto e a Revolução, de Julio Wohlgemuth.


Projeto 5
MARCOS KLASSMANN - 1976 - VOTE CONTRA O GOVERNO
O registro audiovisual de uma geração

Em produção.
Contato e-mail: institutoalternativa@bol.com.br 
No facebooK: http://www.facebook.com/AlternativaComunicacao




1. Considerado um arquivo vivo da época de contestação à ditadura militar, Marcos Klassmann foi eleito vereador de Porto Alegre em 1976, com a expressiva votação de 12.118 votos e com o slogan "Vote Contra o Governo". Klassmann foi o último político cassado pela ditadura militar no Rio Grande do Sul. Antes, em 1974, foi presidente do setor jovem do MDB. Em 1975 Klassmann ganhou notoriedade ao denunciar publicamente a prisão e tortura de 16 jovens partidários do PCB em Florianópolis (SC).

2. Em 1975, para evitar a primeira prisão de sua carreira, Marcão (como era conhecido pelos amigos) saiu da Assembléia Legislativa de Santa Catarina escondido no porta malas de um Opala amarelo, que era dirigido por um militante do proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB) conhecido como Bode. Klassmann havia denunciado publicamente a prisão e tortura de 16 partidários do PCB e a reação dos militares foi violenta. "Eles cercaram a Assembléia, onde ocorria um seminário em que estava presente o militar que havia ordenado as prisões", lembrava. Anos mais tarde, Bode foi eleito prefeito de Florianópolis: Sérgio Grando. "Ele me escondeu e à minha mulher por três dias na casa dele, até os milicos desistirem de me procurar", completava.
 
3. O "arquivo" de Klassmannn começou a ser construído muito cedo, ainda nos tempos de estudante do Dom João Becker e de morador da vila do IAPI. Líder estudantil, acabou ingressando em 1974 no Setor Jovem do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Sempre com os amigos por perto. "O Marcão era carismático, tanto que foi eleito presidente do Setor Jovem por unanimidade apenas seis meses depois de ingressar", diz o amigo João Luiz Trindade, que o conheceu naquele ano. "A aproximação política firmou uma amizade", assegura.
 
4. O ano de 1974 foi decisivo, porque a oposição, agrupada no MDB, venceu com folga o partido do governo militar. Naquele ano também tinham sido libertados os primeiros presos políticos, entre eles Raul Pont, Calino Pacheco Filho e Carlos Alberto de Ré. Militavam no setor jovem do MDB, uma organização legal que fazia "agitação e propaganda" nos colégios do estado. Dois anos depois, em 1976, o Setor Jovem decidiu que Marcos devia concorrer à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Durante a campanha eleitoral, ele foi detido oito vezes por usar o slogan "Vote Contra o Governo". Dessa campanha resultou uma eleição com 12.118 votos, muito para uma época de liberdade cerceada. Logo já era vice-líder do MDB, comandado pelo vereador Glênio Peres.
 
5. Os vereadores tomaram posse no dia 1º de fevereiro e, depois do primeiro discurso, Peres já tinha perdido o mandato. Com a degola política do companheiro cassado, Marcos assumiu a liderança e fez seu primeiro discurso 15 dias depois. Foi cassado 48 horas mais tarde. "Fiquei sabendo da cassação pelo Jornal Nacional, que deu a notícia em três frases", recordava Marcão. Cassados e censurados, Glênio e Marcos acabaram se tornando amigos e companheiros permanentes.
 
6. Marcos Klassmann, que estudou até o terceiro ano de direito, se considerava um auto-didata em História e Língua Portuguesa. Mas a militância permanente tomou conta da sua vida. Com a cassação, os projetos pessoais foram por água abaixo. Estava com 36 anos quando parou para pensar: "opa, não tenho vida pessoal". Entrou numa crise de identidade violenta. Concluiu que o movimento popular podia prescindir dele, eram dezenas, centenas de novos militantes em todo o país, por toda parte. "Então fui me retirando", conta.

7. O jornalista José Mitchell informa: "Em 2000, o Luís Inácio Lula da Silva, presidiu na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a cerimônia de filiação ao seu partido de cerca de 300 ex-integrantes do PDT gaúcho. Entre os novos petistas estavam José Vicente Brizola, filho de Leonel Brizola, presidente nacional do PDT, e Marcos Klassmann, o último político cassado pela ditadura militar no Rio Grande do Sul, integrante do grupo conhecido como trabalhistas históricos. Filiaram-se também ao Partido dos Trabalhadores o ex-presidente regional do PDT e ex-prefeito de Porto Alegre, Sereno Chaise e dois secretários estaduais, Dilma Rousseff, de Minas e Energia, e Milton Zuanazzi, de Turismo. A maior parte dos novos petistas gaúchos integrava a ala que rompeu com o partido, apoiando Tarso Genro, o candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre - que venceu as eleições contra Alceu Collares, candidato do PDT. Como conseqüência da crise, Brizola exigiu que os pedetistas que ocupavam cargos no governo estadual pedissem demissão. A presença deles no governo era resultado da aliança mantida até então entre os dois partidos e que ajudara a eleger Olívio Dutra governador. Nem todos os pedetistas atenderam à exigência de Brizola e muitos acabaram optando por ingressar no PT."

8. O deputado Adão Villaverde declara: "O filme "Marcos Klassmann 1976 Vote Contra o Governo" irá retratar a luta de toda uma geração que resistiu ao regime militar e lutou pela reconstrução da democracia no Brasil. Marcão foi, possivelmente, a personalidade da época que melhor expressava o enfrentamento aguerrido à ditadura naqueles tempos, um homem que compartilhou conosco os sonhos de toda uma geração. O legado que ele deixou é muito importante, dedicamos nossas vidas a este legado. Marcão foi presença marcante na resistência à ditadura no Brasil nos anos 1970 e 1980. Sua campanha para vereador de Porto Alegre, nas eleições de 1976, se deu sob o lema 'Vote Contra o Governo' e representou um passo ousado na luta democrática. A eleição mostrou o crescimento da resistência da população ao governo militar. A cassação, logo no início dos trabalhos legislativos do ano de 1977, produziu impacto na conjuntura, um momento em que a resistência popular começava a sair às ruas na luta contra a tortura, pela anistia, contra a censura, pela liberdade de imprensa e de organização política, por liberdades democráticas. A trajetória política do Marcão foi caracterizada pela militância solidária, uma grande coragem e o compromisso com a justiça e a liberdade. Em 1976 eu era líder estudantil e apoiei a candidatura do Marcão, que tinha 23 anos e foi um dos vereadores mais jovens da história de Porto Alegre. Eu assisti, no dia 15 de fevereiro de 1977, ao histórico discurso no qual Marcos Klassmann denunciou a privação de direitos humanos e a violenta ação da repressão, provocando sua cassação pela ditadura militar. Na verdade, Klassmann reforçava a denúncia que havia sido feita pelo colega de bancada e líder do partido, Glênio Peres. O pronunciamento de Peres contra as violações aos direitos humanos e a falta de liberdade no país feito na abertura dos trabalhos legislativos da Câmara também havia custado a sua cassação dois dias antes.

9. Carlos Alberto Tejera de Ré (16/02/1951 - 10/05/2011) comenta: “A campanha do Marcão em 1976 era uma campanha muito progressista e corajosa. O slogan era "Vote contra o Governo". Foi a primeira vez que se politizou uma eleição em torno de um confronto direto com a ditadura.”
10. O deputado Raul Pont relata: “A campanha do Marcos Klassmann foi realmente singular. E vejam que se passaram apenas 30 anos. Às vezes, é bom termos a ...dimensão da história. Trinta anos atrás, era proibido distribuir um manifesto ou um panfleto que pedia para votar contra o governo! Isso dá a dimensão da pouca história democrática e da sociedade extremamente autoritária e oligárquica que sempre tivemos. [...]. Tive a honra de participar da redação daquele panfleto que se transformou no principal manifesto da campanha do Marcão. O título era inocente e hoje poderia ser considerado pueril: Vote contra o governo. Esta homenagem nos faz repensar a nossa história e mostra que a nossa ação parlamentar, a nossa ação de luta política deve estar sempre embasada e beber nessas fontes de enfrentamento, ousadia e capacidade de mudança e transformação".

11. A campanha de Marcos Klassmann para vereador de Porto Alegre pelo então MDB, em 1976, envolveu muitos personagens de uma geração que chegou ao poder e que hoje dita os rumos do Estado e do País. Entre eles, a presidenta Dilma Rousseff, o governador Tarso Genro, o deputado Raul Pont (PT-RS) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Foi uma campanha progressista e corajosa. Pela primeira vez se politizava uma eleição em torno de um confronto direto com a ditadura. O registro dessa época é o registro audiovisual de uma geração.
 
12. Eleito com a quarta maior votação naquele ano (12.118 votos), Klassmann teve seu mandato cassado no ano seguinte, logo após seu primeiro discurso como líder da oposição na Câmara Municipal e da cassação do de outro parlamentar da esquerda da época, que o antecedeu na liderança da oposição: Glênio Peres. O documentário dará ênfase àquela campanha, chegando até o período da anistia. No jornal Folha de São Paulo, de 13/02/2010, sobre a trajetória da então candidata à presidência, Dilma Rousseff, matéria assinada por Adauri Barbosa, relata que Dilma, envolvida com a criação do PTB (e depois PDT) ao lado de Leonel Brizola, participou do Instituto de Estudos Sociais (Ieps), "núcleo de esquerda que apoiou, por exemplo, a candidatura a vereador de Marcos Klassmann, pelo MDB".

13. Marcos Klassmann faleceu em 3 de janeiro de 2005, representando sempre um resgate da luta vivida por todos aqueles milhares de ativistas que lutaram pela volta da democracia, pelo respeito aos direitos humanos e por justiça social em nosso país.

14. Abaixo fotografias das gravações dos primeiros depoimentos.








POSTADO POR JULIO WOHLGEMUTH ÀS 04:15 0 COMENTÁRIOS Início Assinar: Postagens (Atom)


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